Quero fazer um convite para ressignificar sob uma nova luz, a interação entre talentos e vulnerabilidades que possuímos, inspirada pela natureza e sua sabedoria infinita, especificamente, pelo processo da osmose celular. Este fenômeno, essencial para a manutenção da vida a nível celular, oferece uma poderosa analogia para repensarmos como equilibramos nossas próprias forças e fraquezas.
Na osmose, a água flui através de membranas semipermeáveis para equilibrar as concentrações de substâncias entre ambos os lados, um processo necessário para a saúde e o funcionamento das células. Não se mantém um estado de excesso ou de falta, mas sim a busca contínua pelo equilíbrio, refletindo um princípio fundamental da vida: a necessidade de harmonia e ajuste diante das mudanças. Da mesma forma, podemos observar nossos talentos e vulnerabilidades como componentes que devem encontrar seu equilíbrio para que possamos existir em nosso “best self” – a melhor manifestação de nós mesmos.
Frequentemente, somos encorajados a focar em superar nossas fraquezas, muitas vezes às custas de negligenciar ou até mesmo reprimir nossos pontos fortes. Essa abordagem pode levar a um desperdício de potencial, pois cada indivíduo possui uma combinação única de talentos que, se devidamente cultivados e compartilhados, podem contribuir significativamente para o coletivo.
“Deve-se desperdiçar o mínimo de esforço possível para melhorar áreas de baixa competência. É preciso muito mais energia e trabalho para passar da incompetência à mediocridade do que para passar de um desempenho de primeira linha à excelência.” Peter Drucker
Pegando carona nessa sabedoria da natureza, uma estratégia alternativa para lidarmos com os desafios complexos que temos enfrentado, interna e externamente, no mundo moderno é a complementaridade consciente. Em vez de nos esforçarmos unilateralmente para corrigir todas as vulnerabilidades, que tal nos abrirmos para a troca e cooperação, onde os talentos são transbordados para serem ofertados, e as vulnerabilidades, disponíveis para serem preenchidas, complementando-se? Assim como as células regulam o equilíbrio hídrico através da osmose, podemos buscar um equilíbrio dinâmico entre dar e receber, compartilhando nossas forças enquanto acolhemos as forças dos outros para compensar nossas fraquezas.
Uma peça de quebra cabeça é uma outra simbologia do conceito de complementaridade, por ser constituída, de forma geral, com saliências e cavidades, que seriam nossos talentos e vulnerabilidades complementando-se para juntos produzirem um quadro final.
Este enfoque não apenas promove o desenvolvimento pessoal e coletivo, mas também edifica uma cultura de colaboração e apoio mútuo. Reconhecendo que é inalcançável sermos perfeitos em tudo e que investir a vida, o recurso mais precioso que temos, em algo que agregue valor para nós, abrimos espaço para crescer em conjunto, valorizando as contribuições únicas de cada pessoa e criando comunidades mais resilientes e adaptativas.
A complementaridade nos estimula a valorizar a diversidade de talentos e a reconsiderar as vulnerabilidades como oportunidades para a conexão e crescimento conjunto, que, ao ser vista dessa maneira, torna-se uma estratégia poderosa para a coexistência eficiente de ambos.
Ao considerar essa perspectiva, podemos transcender a tendência individualista de tentar ser tudo para todos ou ter tudo para si. Em vez disso, reconhecemos que, juntos, somos mais fortes, mais sábios e infinitamente mais capazes. Afinal, é na interseção de nossas forças coletivas e fraquezas compartilhadas que reside nosso maior potencial para inovação, empatia e crescimento sustentável.
Que talento você tem a oferecer no quebra-cabeça? Que vulnerabilidade você reconhece que precisa preencher? Quem são as peças com as quais você vai interagir no jogo?